Avaliação físico-química, microbiológica e fatores de influência na qualidade da água em poços residenciais no município de Laranjal do Jari, Amapá, Brasil,

Abstract

Para garantir a qualidade da água utilizada em poços são necessários que sejam atendidos os padrões físicos, químicos e microbiológicos de potabilidade e a alguns critérios técnicos de infraestrutura e localização dos poços. O município de Laranjal do Jari, Amapá, não conta com rede coletora de esgoto doméstico, estimulando assim, a construção intensiva de fossas rudimentares que se caracteriza como o principal fator de contaminação dos corpos hídricos subterrâneos. Neste contexto, este estudo teve como objetivo avaliar a qualidade de águas subterrâneas captadas em poços residenciais e relacioná-la a distâncias de fossas e condições de infraestrutura de construção dos poços em dois bairros no município. Para isto, foram coletadas amostras de água em dez poços nos bairros Agreste e Nova Esperança. As amostras foram avaliadas por meio de parâmetros físico-químicos e microbiológicos (turbidez, condutividade, pH, presença ou ausência de coliformes totais e Escherichia coli) e os resultados foram comparados com os limites estabelecidos pela PRC nº 888/2021 do Ministério da Saúde. Foi realizada entrevista estruturada com os proprietários das residências para levantar informações a respeito do uso da água e infraestrutura dos poços, assim como medida a distância dos poços as fossas no entorno. Foi feita uma Análise de Componentes Principais (PCA) para constatar correlações entre os resultados das análises físico-químicas e alguns fatores de influência na qualidade. O resultado da análise microbiológica resultou em ausência de microrganismos. Quanto aos parâmetros físico-químicos, quatro poços estiveram fora dos padrões para turbidez (>1 UT), e todos os poços analisados tiveram Condutividade Elétrica elevada (>100 µS/cm-1), e pH com média 3,9 caracterizando água ácida e fora do limite estabelecido pela legislação. A maioria dos poços do bairro Nova Esperança apresentaram condições piores por apresentar água com maior condutividade, menor pH, poços mais rasos e distâncias dos poços as fossas menores, em relação ao analisado no Bairro Agreste. Assim, pode-se inferir que o recurso hídrico subterrâneo captado nos bairros analisados não estão adequados para consumo humano de acordo com os padrões de qualidade estabelecidos pelas legislações vigentes.